Ao largo da costa da África Centro-Ocidental, no Golfo da Guiné, as ilhas oceânicas de São Tomé, Príncipe e Annobón apresentam uma diversidade excecional de plantas e animais que não existem em nenhum outro lugar no mundo. Ao longo de milhões de anos os organismos evoluíram para espécies endémicas únicas nestes ecossistemas insulares isolados, muito semelhantes ao arquipélago das Galápagos que Darwin tornou famoso como um lugar para estudar a evolução. Biólogos que trabalham nestas ilhas descobriram o maior beija-flor e a menor begônia do mundo entre centenas de outras espécies únicas. Enquanto os biólogos estudam as plantas e os animais destas ilhas, os seus habitats estão sob forte pressão devido ao rápido desenvolvimento humano e às mudanças climáticas. Os habitantes destas ilhas têm de lidar com o balanço complexo entre o desenvolvimento da sua economia e a preservação da sua herança natural. A criação  do Centro de Biodiversidade do Golfo da Guiné facilitará a investigação, educação e conservação da diversidade única das plantas e animais destas ilhas.

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INVESTIGAÇÃO

exploração e descoberta num hotspot de biodiversidade

Os biólogos começaram a descrever a biodiversidade do Golfo da Guiné durante o período colonial. A maioria das espécies endémicas de animais vertebrados recebeu nomes científicos no final do século XIX e início do século XX. O catálogo de plantas vasculares de Exell, publicado pelo Museu Britânico de História Natural em 1944, descreveu muitas das plantas endémicas e continua a ser uma referência fundamental da botânica nestas ilhas. No entanto, a taxonomia de muitos grupos de invertebrados e fungos recebeu menos atenção neste período. Em 1990, uma expedição liderada pela Universidade de East Anglia realizou a primeira avaliação de conservação de São Tomé e Príncipe, iniciando  uma nova era de trabalho científico verdadeiramente internacional para estas ilhas. Desde 2001, a Academia de Ciências da Califórnia tem vindo a organizar várias expedições a São Tomé e Príncipe, que têm contribuído para um melhor conhecimento das plantas, invertebrados e fungos. Annobón, a ilha mais pequena e afastada, recebeu menos atenção científica do que São Tomé e Príncipe, mas estudos recentes confirmam que abriga várias aves, mamíferos e répteis endémicos. Os cientistas continuam a descrever novas espécies a partir das expedições que têm sido realizadas. A soma deste conhecimento tem evidenciado o grande potencial destas ihas como modelo para estudar evolução, ecologia e conservação.

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Fotos de investigação: pesquisa da diversidade de vertebrados, invertebrados e plantas (por Andrew Stanbridge)

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EDUCAÇÃO

divulgação sobre a biodiversidade e gestão ambiental

A educação é fundamental para transferir o conhecimento que tem sido e continua a ser adquirido por cientistas sobre a biodiversidade no Golfo da Guiné. Em 2009, a ONG local MARAPA publicou um guia para o ensino de “Ecologia, Ambiente e Educação Ambiental” nas escolas de São Tomé e Príncipe. Em 2011, a equipa de educação da Academia de Ciências da Califórnia, em colaboração com educadores locais, desenvolveu e forneceu um conjunto de material educacional com base em imagens e resultados de pesquisas das suas expedições. Desde então, todos os anos, a equipa de educação da Academia de Ciências da Califórnia produziu e entregou um produto educativo diferente para as escolas primárias das ilhas de São Tomé e Príncipe. Estes produtos educativos são elaborados para promover uma melhor compreensão da ciência e da biodiversidade única destas ilhas.

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Fotos de educação: jogo de cartas da biodiversidade, livro para colorir de pássaros endêmicos e atividade de observação de pássaros (por Andrew Stanbridge)

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CONSERVAÇÃO

manter a biodiversidade das ilhas para as gerações futuras

À semelhança do que acontece em muitas ilhas por todo o mundo, as atividades humanas têm alterado a paisagem das ilhas do Golfo da Guiné e representam uma séria ameaça ao património natural único destas ilhas. O Jardim Botânico do Bom Sucesso e os Parques Naturais do Obô de São Tomé e do Príncipe são projectos do programa ECOFAC da Comissão Europeia, que visam promover a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas florestais na África Central. Em 2012, o Príncipe foi reconhecido pela UNESCO como Reserva do Homem e da Biosfera. Atualmente, várias associações locais promovem projetos ambientais e de conservação, incluindo a monitorização de tartarugas marinhas, o estímulo da pesca sustentável e a redução de resíduos de plástico.

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Fotos de conservação: endemismo de vertebrado, invertebrado e botânico (por Andrew Stanbridge)

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CENTROS DE BIODIVERSIDADE


facilitando a investigação, educação e conservação

Com este projeto propomos a criação em São Tomé de um centro de investigação de campo moderno dedicado à biodiversidade, ,  com um centro satélite no Príncipe. Celebrando a importância e biodiversidade excecionais da região, o Centro de Biodiversidade do Golfo da Guiné (GGBC) vai estabelecer estas ilhas como um local chave para o estudo da biodiversidade e conservação em ilhas, atraindo académicos e estudantes de todo o mundo, bem como ecoturistas. Uma parte do GGBC será dedicada à educação, incluindo espaços para exposições de história natural e salas de aula para o desenvolvimento de programas educativos. Nestes programas serão promovidos clubes de ciência e debates sobre o papel da ciência na sociedade, com o objetivo de estimular e apoiar o espírito científico nos jovens. Os professores vão receber formação e fazer uso de conjuntos educativos, para complementar o currículo nas salas de aula. A equipa de divulgação vai continuar o seu trabalho nas escolas do ensino básico, trazendo novo material educativo todos os anos.

Objetivo: O objetivo geral do GGBC é facilitar a investigação, educação e conservação da diversidade única de plantas e animais nas ilhas do Golfo da Guiné. Para atingir este objetivo, o GGBC vai:

* Ter um centro de investigação para dar apoio de última geração ao trabalho de campo, e um laboratório para cientistas, educadores e estudantes que se dedicam ao estudo da conservação e da biodiversidade das ilhas.
* Proporcionar um espaço de ensino / aprendizagem para os santomenses e turistas, com um museu interpretativo, salas de aula e um auditório.
* Criar oportunidades para os moradores desenvolverem o ecoturismo nas ilhas.
* Atuar como um centro de projetos de investigação e um repositório de informações sobre a flora e fauna das ilhas.

Para atrair estudantes e cientistas de classe mundial e programas internacionais de cursos de trabalho de campo, o centro principal em São Tomé vai incluir instalações de alojamento, laboratório e escritórios e uma coleção de plantas e animais das ilhas para apoio ao ensino. As instalações projetadas para o público vão incluir um museu de história natural, biblioteca, auditório e espaço dedicado a programas educacionais, como clubes de ciências e debates científicos para o público. 

Os cientistas que usarem o centro vão participar na formação de guias locais, professores e estudantes, além de  promover atividades de partilha de conhecimento (por exemplo, palestras públicas, projetos de restauração e passeios na natureza) para ecoturistas e membros da comunidade.

Sustentabilidade Financeira: Seguindo o modelo de outros centros, cientistas de universidades e institutos vão ser encorajados a usar as instalações por uma taxa nominal, geralmente paga pelo financiamento das suas bolsas de investigação. Programas educacionais mais longos, tais como programas de investiação de campo ou períodos de intercâmbio, vão poder contribuir com propinas de estudo.

Próximos passos: O GGBC vai exigir um investimento inicial para financiar a construção além do estabelecimento de financiamento a longo-prazo através da investigaçãoe do ensino. Com o apoio de do Ministério do Ambiente do governo de São Tomé e Príncipe, STeP UP e da Academia de Ciências da Califórnia, a equipa do GGBC está a explorar opções para financiar este investimento inicial.

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Esboço Centro de Biodiversidade: Jim Boyer


Foto principal: Ilha do Príncipe (por Andrew Stanbridge)